Por Thais Matarazzo
(4/3/2020)
Tive a oportunidade de visitar uma mostra coletiva no Centro
Cultural dos Correios de São Paulo em fevereiro passado. Chamou à minha atenção
– acredito que de grande parte do público – o conjunto de bonecos de papel da
artista plástica Eunice Coppi, de São José dos Campos.
Os bonecos estavam espalhados em pequenos agrupamentos por toda a sala
expositiva, representavam brincadeiras antigas como ciranda, esconde-esconde,
pular corda, jogos populares e outros divertimentos infantis que eu não
conhecia. Uma delícia!
Os bonecos de Eunice dialogam entre si e com o público, possuem um olhar
expressivo, singular e de encantamento. Cada boneco passa a sua mensagem. Mesmo
estáticos dão a ideia de que estão se movimentando, “vivos”, e não se importam
com os olhares curiosos dos expectadores, vivem no seu próprio mundo. Eu
observei que algumas pessoas tocavam nos bonecos, pensando que eram de verdade,
tal a atração exercida!
A arte de Eunice cativa, seduz e prende o expectador.
Conversei rapidamente com a artista e soube que ela é mineira de Sabará,
começou a trabalhar com barro e fazer bonecos ainda na infância. Seus primeiros
bonecos foram inspirados em um bloco carnavalesco sabaraense. Eunice nos passa,
através da sua arte, as memórias da sua infância, do carnaval, dos folguedos
populares e religiosos, brincadeiras e outras vivências. Que memória profícua
ela possui, nos pequenos detalhes dos seus bonecos, como também no conjunto da
obra, podemos perceber essas recordações materializadas. É uma transmissão de
saberes e de ancestralidade. Eu acho essa característica da artista estupenda,
e talvez seja isso que mais me arrebata: ela conta, registra, preserva e
propaga reminiscências da sua vida e da arte popular e as divide com o público,
qualidade essa que encontrei nos livros e nas conversas de Tatiana Belinky e
Paulo Bomfim.
Eunice nos conta que “seu mundo é de papel” porque é o principal ingrediente
com que confecciona a sua arte. Revelou-me que utiliza qualquer tipo de papel:
novo, velho, usado, sendo o que dá melhor resultado para os bonecos é o papel
do saco de cimento. Fiquei a maturar sobre o mote “meu mundo é de papel”...
Como o papel contempla várias artes e formatos, porque “meu mundo também é de
papel” só que no formato de livros, a minha grande paixão e missão de vida.
Quer conhecer o trabalho da artista? Recomendo uma visita ao Centro Cultural
dos Correios, ela participa de uma mostra sobre o carnaval e está em cartaz até
27 de março. E o melhor: a entrada franca. O CCC fica à Av. São João 250,
mezanino, centro, (Metrô - Estação São Bento, saída para o Vale do Anhangabaú).
Não perca!
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